sexta-feira, 9 de julho de 2010

Times Like This

Adam chegou em casa, tirando a gravata, cansado. Colocou os sapatos na pequena estante própria para eles, do lado da porta e estranhou a quantidade de sapatos lá. Ouviu risos na cozinha e ficou curioso. Estavam dando uma festa e não tiveram a dignidade de avisarem à ele? O proprietário da casa? O ‘macho-alfa’?
- Clara? Amor? – Perguntou ele, indo em direção à cozinha.
- Hey baby. Estamos aqui.- Respondeu ela. Ele sorriu, ela ainda te chamava com aquele apelido bobo de adolescência.
Ele entrou na cozinha e se deparou com a casa cheia. Acaso era dia do seu aniversário? Se era, estava ferrado. Sua esposa fazia aniversário no mesmo dia, e se ele não lembrasse da data, teriam uma confusão na certa.
- E aí, velho, tudo bem? Como foi o trabalho? – Falou Thomas, indo abraçar o pai. – Se prepara que aí vem bomba. – Sussurou ele, enquanto abraçava Adam.
Mark chegou trazendo uma lata de cerveja pro pai, rindo da cara de assustado dele.
Clara deixou a panela por conta da caçula, Sofia, e foi dar um beijo no marido.
- Perdi alguma coisa? – Perguntou ele
- Daqui a pouco você vai descobrir. O David veio jantar conosco. Não mate o garoto, viu? – Falou ela, sorrindo, docemente.
Adam foi até a filha e deu-lhe um beijo no alto da cabeça e cumprimentou o genro com a cabeça, que parecia o próprio, quando foi conhecer a família de Clara, muitos anos atrás. O engraçado era que eles já se conheciam a vários meses, desde que os dois começaram a namorar. “Isso está me cheirando errado, muito errado.”
Se sentaram entorno da mesa de jantar e começaram a comer. Clara começou os pronunciamentos.
- Semana que vem tem congresso em Paris, vou ficar fora duas semanas. Duvido que sentirão minha falta.
- Ah, mãe, corta essa. – Resmungou Mark – Fiz uma tattoo.- Mostrou, levantando a blusa.
- Que horas você fez? – Perguntou Adam. Será que essa era a “bomba”? Porque se fosse, já estava tudo resolvido. – Porque até ontem você não tinha. Andou matando aula de novo, moleque? – disse, jogando o guardanapo de tecido na cara do filho de 17 anos.
- hahaha! – riu Thomas, olhando pra cara do irmão – Agora é a minha vez? Vou me casar com a Julie. – Adam se calou, olhando pro filho mais velho, de 19 anos.
- E eu estou grávida. – Complementou Sofia. Adam engasgou, procurou a cerveja e bebeu o conteúdo todo num gole só, amassando a lata, pensando no que fazer com a cara de um certo David. Sua filhinha tinha só 16 anos!
- Cara, eu disse que era melhor algo mais forte. Assim a gente mata o velho. – Brincou Mark, morrendo de rir da situação.
Adam tentou balbuciar algo, ainda amassando a lata. Procurou os olhos da esposa, que estava estranhamente calma. Sem dúvidas, ela sabia disso a tempos. Pois, se estivesse sabendo naquele momento, estaria fazendo o maior escândalo.
- Calma, papai. Inspire, respire. Isso...! Por favor, não mate ele, ok? O Tom e o Mark já quase o castraram. - falou Sofia.
Adam se levantou da mesa, indo em direção a sala. Clara o seguiu.
David olhou para todos, preocupado. Perguntou:
- amor, por acaso seu pai tem alguma arma?

Na sala, Adam estava sentado no sofá, com a cabeça nos joelhos, sendo apoiada pelas mãos. Clara passava a mão nas costas dele, tentando acalma-lo.
- a nossa Sofia? Grávida? Ela era só um bebezinho a um tempo atrás! – Reclamou ele, quase chorando.
- ela cresceu, querido.
- eu não podia esperar isso dela. Do Mark ou do Tom, até que vai. Os dois não tem juízo... – suspirou. – Vou acabar com a raça daquele pivete.
- hey. Nada disso. Você prometeu que não ia matar ele. Olha, pra ele também está sendo muito difícil. Tenta lembrar de quando você falou para os meus pais que você ia se casar comigo.. estava preocupado, não? Com ele deve ta sendo pior ainda... A Sofia errou, mas agora vai assumir o erro dela, e ele quer estar por perto pra também assumir os erros dele, amor. Seremos avós, baby. Imagina, um bebezinho por aí denovo? – disse Clara, com os olhos brilhando.
Adam fez cara de choro. Vovô? Se ela queria outro bebê, poderiam ter outros filhos, ou até adotar.. mas sua princesinha, grávida?
- Mark estava certo. Era pra vocês me darem algo mais forte. E que história é essa, do Tom se casar? Eles tiraram o dia pra ‘grandes notícias’, né?
- Amor, um problema de cada vez. E você sabe o quanto esses meninos tem ciúmes da Sofia, não? Tenho até dó do David. Imagina o que eles devem ter feito com ele...
- huum...
- Vamos, amor. Destrunfe essa cara, menininho mimado. O jantar está esfriando.


Mais tarde, Adam, de calça de moletom, estava sentado na sala, em frente à TV, vendo alguns vídeos antigos, da infância dos seus três filhos. Uma vez, dissera à sua esposa que queria que seus filhos fossem loucos, mas nunca pensou que seria daquela forma. Se não fosse casado com uma médica, provavelmente sua vida seria de PS em PS. Mark e Thomas praticaram todos os tipos de esportes radicais possíveis e Sofia era a mais desastrada de todos.
- Pai... podemos conversar? – Perguntou Sofia, entrando na sala, de pijamas de ursinho.
- Claro.. Vem. – disse ele, desligando a TV e mostrando o sofá.
Sofia correu para os braços do pai, já chorando. Como ela era parecida com a mãe, pensou ele, fazendo carinho no cabelo da filha.
- Desculpa, papai. Me desculpa. – Falou ela, entre um soluço e outro.
- shii, ta tudo bem.
Passaram vários minutos naquela posição, até ela acabar adormecendo. Adam pegou a caçula no colo e a colocou na cama.

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