terça-feira, 6 de julho de 2010

There is

Desligou o motor do carro. Ficou olhando pelo pára-brisa o pôr-do-sol. No rádio, aquela música. Na mente, aquelas lembranças.
Saiu e esticou a coluna. Estava dirigindo à mais de 13 horas sem parar, só para chegar naquele lugar.
Passou a mão nos cabelos ruivos, cansado.
Caminhou até o velho muro, onde eles sempre se sentavam à noite. Agora, só existia pedras e poeira. Ficou sabendo que aquela velha casa, agora destruída, daria lugar a um novo prédio.
Ainda usava o terno preto que havia usado no funeral, e ainda carregava no bolso aquelas pílulas brancas. Chutou algumas pedras e se sentou na maior.
Pegou no bolso interno do terno aqueles bilhetes que ela havia lhe escrevido.
Agora já não tinha mais receio de deixar aquelas lágrimas escorrerem pelo rosto. A barba por fazer já não lhe incomodava mais.
Na verdade, só a falta imensurável que ela fazia lhe incomodava.
Lembrou do dia que passou deitado no chão do quarto dela, observando as cores das luzes que atravessavam pequenos cristais na janela dela, criando vários árco-íres. De quando virou para ela e lhe confessou o quanto a amava. E de quando ela lhe jurou que o amava mais.
Todas as músicas que lhe escreveu, com todas aquelas histórias.
Engoliu as pílulas que não aliviariam a dor que ele carregava no peito.
"A dor é tão grande que chega ser palpável" ela lhe disse uma vez.
E, enebriado pela súbta sensação de anestesia, jurou poder vê-la mais uma vez.




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http://www.youtube.com/watch?v=EZj2OMPWEZc

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