segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

espelho

Quero te abraçar
olhar bem de perto
ver todos os verdes azuis amarelos dos seus olhos
contar cada sarda clarinha
e tocar meu nariz arrebitado no seu.
Enlaçar meus dedos nos seus cachos
que você insiste em alisa-los
Apertar cada nó de seus dedos
sentir seu coração batendo
tum tum... tum tum
igual ao meu
Entender cada canto da sua confusa mente
sorrir do seu sorriso torto
andar de braços dados
brincar com suas pintas
e cutucar suas minhas costelas
eu você você sou eu

sábado, 22 de janeiro de 2011

Chico

"O meu coração, meu coração
Meu coração parece que perde um pedaço, mas não
Me leve a sério
Passou este verão
Outros passarão
Eu passo"


sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Ressaca

- Eu só não sei o por que dele ter escolhido justamente aquela situação pra me dizer aquilo. Agora eu nem sei se ele se lembra, se foi verdadeiro, se foi instinto, se foi... bem, por culpa da cachaça. Pff! É como eu já te disse, odeio esse joguinho de não saber quando devo leva-lo a sério...
- Ah, você sabe como somos... E eu já te disse que ele não está nessa de 'compromisso' no momento. E nem sempre dizer isso e assumir isso significam a mesma coisa. Não sofra por isso.
- Eu sei disso tudo e eu não estou sofrendo... Mas você me conhece, você sabe que isso me... como posso dizer... mexeu comigo. Por que você sabe de tudo, desde o começo. E, bem, ontem eu até contei mais um pouco. Só queria saber se era verdade, entende?
- Eu entendo...
- Devo perguntar pra ele se ele se lembra de alguma coisa?
- Olha, se você está perturbada com isso, te aconselho a não fazer isso. Mas se você está bem com isso, tranquila mesmo, então... pergunta.
- Ok, perguntarei... afinal, estou curiosa. Mas não estou levando muito a sério, afinal ele estava mais bêbado que qualquer outra coisa. Mas até que seria bacana se fosse verdade. Nada de cobranças, saca?
- Hum, então... pergunta.
- Cara, como eu gosto de problemas, né? AHSUAHUS
- EU SEI BEM DISSO, MOCINHA. Hehe. Mas acho que você tem que pensar mais em você e não nos outros.
- Eu sei. Isso que dá me dizer uma coisa daquelas, agora estou muito confusa... Eu nem respondi nada na hora e bem, até que foi bom, por que vai que nem é "verdade"? Tenho que saber a verdade logo, antes que eu pire. Pff! O que um "eu te amo" faz com a cabeça de uma pessoa como eu

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Colaboração do fiel amigo Luc, de ressaca (moral e não) HAUSHAUHS

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Trinta e Um

Ele circulou a pintinha vermelha abaixo do seio esquerdo dela. Perguntou, fitando os olhos iluminados pela luz que vinha da janela que rangia:
-Quando se tornou tão fria? Digo, quando resolveu que o amor já não valia a pena?
Ela sorriu, deitou de bruços e fez um carinho nos cabelos dele. Respondeu após um suspiro.
-Não é que o amor não vale a pena, mas é que eu já me decepcionei muito. Mas, respondendo a sua pergunta, não sei ao certo, mas deve ter sido entre o momento que ele me perguntou qual era meu filme romântico preferido pra depois assistir com ela.
-Que triste..
-Sim, não consigo mais assistir àquele filme. Pff...- Ela se levanta e ele pega a câmera, e estranha o fato dela não reclamar após os primeiros cliques.
Ela fica de costas, meio de lado e prende os cabelos.
-Gosto dos seus ossinhos. -Ele diz, sorrindo.
Ela sorri também, vira o rosto, mas seu sorriso não chegou aos olhos. Seus olhos diziam outras coisas, que não valiam mais a pena seus lábios proferirem.
-Vamos sair? Quero caminhar. -Ela pede e antes mesmo dele responder, já se veste.
Vão caminhando lado a lado, rua abaixo. O sol entediadamente, desce devagar, dando lugar a uma lua tímida que sorria.
Se dirigiram a um pequeno café, talvez por falta de opção ou por pura preguiça de continuarem a procura de outro lugar.
Se sentaram e enquanto esperavam pelo capuccino, ela o olhou somente por alguns segundos - o que, para ela, parecia ter durado horas - e saiu da mesa, sem maiores explicações.
Entrou no banheiro, encostou a cabeça na porta.
-Está tudo bem? -Uma moça gentil a perguntou. Ela simplesmente balançou a cabeça, afirmando.
Algumas gotas escorreram. Respirou fundo. Se acalmou. Secou e voltou a mesa.
-Aconteceu alguma coisa? -Ele perguntou, olhando-a interrogativo.
-Não é nada. -Bebeu um gole do capuccino e o temperou com açúcar mascavo e canela.
Ocuparam o tempo dos capuccinos e da torta de chocolate que dividiram conversando sobre nada e tudo ao mesmo tempo.
-Obrigada.
Ele olha para ela e tenta entender. Os olhos dela faziam horas passar como segundos segundos como eras.-Obrigada por me fazer sentir bem. Mesmo que uma última vez.
Ele olha para ela com cara de desconfiado e diz displicentemente:
-Que é? Não vai me dizer que vai morrer até o dia acabar...
Ela sorri e toma mais um gole do capuccino. Samba o líquido dentro da caneca, tendo lapsos de reflexão. Vira os olhos para ele e pergunta:
- O que é eternidade?
O rapaz gargalha e aponta para a caneca dela, perguntando inverbalmente se ela quer mais um capuccino. Ela agradece mas recusa. Teima e repete:
- O que é eternidade?
Ele se levanta da cadeira, anda até a janela mais próxima, gargalha mais uma vez e diz de um jeito preguiço:
- Acho que sua pergunta está errada... Acho que o que você deveria perguntar é se realmente vale a pena a eternidade e ainda mais, com quem você quer passa-la.
Ela toma o último gole do capuccino, levanta-se da cadeira, troca os pés, ensaia uns tropeços, volta para o banheiro. Ele está lá, no mesmo lugar, contemplando o espaço infinito além da janela. Dentro do banheiro ela lava o rosto, apalpa os cabelos desgrenhados, tenta não olhar para os próprios olhos, tenta não encarar a realidade, sua própria vontade.
- Moça? Olá? Está tudo bem mesmo? - Brada a mesma atendente de antes cuja preocupação era mais automática do que sincera, mas ela não estava preparada para isso, ainda não tinha aterrissado.
A porta abre e ela sai com um sorriso de soslaio estampando na face. Suas bochechas estão mais vermelhas do que o normal, ela estava quente por dentro e por fora. Correu a procura dele, mas ele não estava mais lá. Vagou o olhar sobre cada canto do recinto, mas não havia mais ninguém lá.
Se dirigiu a mesa que já não possuia mais o mesmo brilho. Ele sabia que algo estava errado, mas não perguntaria. Preferiu olhar para as garotas da mesa ao lado quando ela proferiu algumas palavras.
Respondeu, ainda sem olhar nos olhos dela um singelo "então vá", sem se dar conta do que aquelas palavras fariam com ela.
Ela saiu calada, da mesma forma que entrou. Caminhou tropeçando nas dores em busca de alento.
Sentiu uma pequena pressão no pulso direito, naquela marquinha que insistia em relembra-la do passado e um sussurro na nuca "stay with me, Eleanor..."

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Sorri por demais

Coração empenado
encravado em meu peito
contra a vontade que me fez lutar
bravamente suportar
a ira de cada emoção
Coração querido
tome o seu devido lugar
esqueça que eu existo
não quero sentir o que você sente
eu quero fugir bem de repente
Coração fulmegante
incediando meu espírito
afogando tudo que eu acredito
para ter uma última esperança
que essa é sempre a última a me deixar
Não sei querer
nem me fazer entender
deixei de amar muito tempo atrás
morri para muitos
sorri por demais

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Valeu, D.
Sabe o quanto te amo, né?

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

SIM

Nunca gostei das coisas mornas,
coisas cinzas,
coisas
sim
ple
s

Mas agora,
o sol morno, as nuvens cinzas
e uma simples tarde,
me fazem sorrir
sempre.


Sonhei com você noite passada.
Sonhei com a Ella cantando baixinho no som, e com aquela chuva batendo na janela.
Sonhei com aquele chão frio, tão frio quanto seu olhar.
Sonhei que você já não estava mais tão vivo assim. (afinal, está você?)
Sonhei com aquelas preguices que falávamos, com aquelas que nem eu sabia ao certo se sentia.
Agora sei o que não sentia.
Agora sinto.
Sinto muito, por aquilo.