domingo, 27 de fevereiro de 2011

provaremos as ilhas e o mar



sei que em alguma noite
em algum quarto
logo
meus dedos abrirão
caminho
através
de cabelos limpos e
macios


canções como as que nenhuma rádio
toca


toda a tristeza, escarnecendo
em correnteza.

C. Bukowski

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Carmim

Pinta o lábio de carmim,
deixa transparecer toda a tristeza
nesse olhar sem-fim

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Ela não fez escândalos. Não era do seu feitio.
Simplesmente se levantou da mesa, sorriu e colocou os óculos de sol. Ela não iria chorar na frente dele, era maldade demais.
Ele a olhou, com os olhos tristes.
Ela sorriu de novo. Fez um último carinho na cabeça dele. Tinha que sair dali o mais rápido possível. Não estava bem, mas já não havia mais o que fazer alí.
Balbuciou um tchau baixinho, ele respondeu também. Ambos estavam sem vontade alguma. Mas era o que era certo, era o que deveriam fazer.
Ele disse que sentirá falta dela.
Ela disse que era pra ele não se sentir tão mal assim.
Ele disse que tinha que ir, ela concordou...
E foram andando para caminhos opostos.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Desabafo

,já cansei daquela mesma velha rotina de ouvir você reclamar de tudo e todos,
vê se me erra ou me esquece, já cansei de me sentir culpada por tudo,
chega uma hora em que a bagagem pesa e você tem que descarregar,
a dor massacra e você finge não notar, já deu pra perceber,
finalmente vou usar minha voz, acho bom se acostumar,

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Turquia

A garota corria, corria, alegre. Aquele país tão colorido, tão cheiroso estava lhe fazendo tão bem. Foi ótimo ter finalmente aceitado de vez fazer companhia para o amigo meio destrambelhado, deixar a pele ser curtida pelo sol daquele país tão vivo.
Aquele cheiro maravilhoso de rosas misturada com condimentos, aquele povo todo narigudo falando alto deixou-a meio confusa e naquela correria, acabou se perdendo e trombando com uma pessoa.
Caiu feito jaca madura, de bumbum no chão. Olhou para "o quê" tinha trombado e percebeu que era um "quem", na verdade.
Olhou profundamente, aquela criatura lhe era familiar. Ele lhe sorriu.
Segundos depois, recuperada a memória e a bunda da queda, levantou-se num pulo só e como uma cobra, deu o bote no pescoço da criatura, quase o sufocando. 'Hey, hey, desastrada', disse ele, ainda sorrindo, 'vê se não me mata'.
'Idiota', ela disse, em lágrimas. 'Senti sua falta'.
Ela ouviu um grito, seu amigo destrambelhado a procurava. Ela acenou para ele e naquela mesma hora, a criatura fechou a cara. 'Seu namorado a espera. Tchau'.
'Hey, pára com isso!' Ela gritou, mas sabia. Ela era bem craque em olhares de despedida... e aquele claramente era um. 'Adeus', sussurou.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

invade minha vida, meu apartamento
me liga às dez, às onze,
te faço um carinho
daqueles de perder o ponto.
Te coloco contra o peito,
te acalmo.
Te dou um beijo, digo que vou
Fujo de casa, brigo com a ruiva
Tudo pra não te ver com aqueles olhos tristes.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

abraço reconfortante

fale-me do amor, com sal e pimenta
que a vida é curta, qualquer dia ela acaba
feito arroz mexicano e cachaça bem brasileira,
que todos juntos fizemos.

pele colada pela água e suor
avermelhada pelo sol
e por cositas más

na boca o gosto azedo do limão,
quente da cana e amargo da cevada.
dia fantásticamente mágico,
apesar do final meio trágico.


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Fale-me do amor

- Acho que nunca me apaixonei de verdade - Respondeu a garota, compenetrada em devorar aquela torta de morangos com chocolate.
- Nunca? Como assim? - Perguntou ele, curioso. Isso realmente era diferente, vindo dela.
- Digo... gostar de alguém sim, mas... Se apaixonar de verdade, achar que a pessoa é a melhor coisa do mundo, essas coisas... bem. Nunca aconteceu.
- E os outros? - Ele tomou um gole do café.
- Me encantei por muitos, isso sempre acontece. Mas o encanto passa e o sentimento não. Queria amar alguma vez, pra ver de verdade isso que leio e escuto tanto. Queria fazer loucuras por amor e essas coisas.
- Talvez só não seja a sua hora ainda, loira. Quem sabe isso acontece mais cedo do que você pensa?
- Esse que é o problema... Tenho medo do que pode acontecer.
- Se fosse fácil, não teria graça.
Ela sorriu, abaixou a cabeça. Ele sorriu e pegou na não dela.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

vem pra cá, chuchu,
me coloca na cama
me faz um cafuné
e diz que tudo vai ficar bem.

_______________________________________

Grandfather

eu vejo a lua da minha janela e escuto o barulho do mar vindo da concha que está rachada no cantinho esquerdo mas nem por isso deixa de ser bonita e cor de rosa e me faz lembrar daquele pôr do sol que passei em sua companhia num dia quente de março naquele velho porto enquanto olhávamos nós dois 'praquelas verdes águas daquele velho rio que cortava aquela cidade que não me trás boas recordações pessoais e só vale mesmo a pena me lembrar é daqueles olhos azuis tão vivos que nunca mais verei e nem soube mesmo valorizar e agora choro sentindo sua falta.

The Subways

With You The Subways
I live my life walking down this street
I meet the faces of the people I see
All the time I see your reflection
All the time I see your reflection
It's okay to feel alone
It's okay to be alone
All the time I see your reflection
All the time I see your reflection

Cause when I'm with you
It seems so easy
It seems so easy
My best days are with you
They are so easy
They are so easy

Yeah, I don't like giving up
Cause giving up is easy
And I'll see you again
Just tell me where you'll meet me

When I'm with you
It seems so easy
It seems so easy
My best days are with you
They are so easy
They are so easy, yeah!

When I'm with you
It seems so easy
It seems so easy
My best days are with you
They are so easy
They are so easy, yeah!




___________________________________
vale a pena ouvir, gostei demais de ter conhecido!

domingo, 13 de fevereiro de 2011

508 na praia e vira duas ruas depois da ponte

Venha logo, mas traga a cerveja
que a canela quente nos espera
e a noite não é tão amiga.

________________________
boa noite.

Pra vida

E eu estava alí,
debaixo da parreira de uvas verdes bem azedas,
admirando o pôr do sol dourado
e pensando na vida,
quando a realidade me tocou na face
e me disse "bom dia,
ora de acordar".

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Lavanderia

"Estou com vontade de dançar" disse ela, suavemente. E suavemente se desfez do colo e se embalou na música imaginária que ouvia.
Ela rodopiou e ele continuou encarando aquela criatura que a cada dia que passava lhe deixava mais confuso.
"Vem?" Perguntou pedindo pelo olhar. Como negar aqueles doces olhos cor de chocolate? Tropeçou nos próprios pés, tramou uma dança e sorriu envergonhado. Ela seguiu se embalando e sendo iluminada pelo sol.
Segundos depois já trocavam mais carícias no chão da lavanderia, rodeados pelas roupas limpas, usadas e as que vestiam minutos atrás.
"Now... you say you love me" Sussurrou ela, como Julie. E sem maiores explicações se virou de lado e fechou os olhos, sorrindo, enquanto ele enlaçava a sua cintura e respirava em seu pescoço.
sorriso com zê faz chorar com xis

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

999

"Uma mentira dita 1000 vezes se torna verdade."
Então só faltam 999, Alface.
Eu não gosto de você...

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Nadar

Já era sábado e ambos já haviam bebido tudo que tinham direito, mas mesmo assim conseguiam articular as idéias de forma quase racional. Já estavam jogando aquele jogo besta a algumas horas e a medida que bebiam se soltavam mais.
- Te desafio a virar o resto da garrafa, num gole só. - Ela disse, estreitando os olhos e estendendo a garrafa.
- Tem certeza? Vamos acabar ficando sem nada mais. - Brincou ele. Ela revirou os olhos e bufou.
Ele riu. Bebeu tudo.
Uma gota caiu e escorreu pela testa dele. Ela estava quase deitada numa pedra.
- O que você gostaria de fazer agora? - Perguntou ele, olhando-a.
- Nadar. - E depois soltou uma gargalhada. Ele riu também, levantou e estendeu a mão para ela, a fim de levanta-la. - O que? Vamos pra onde?
- Cala a boca, vem logo.
Sairam andando até chegar a praia.
- O que estamos fazendo aqui? - Perguntou ela, algo assustada.
- Te desafio a nadar. Comigo. Agora.
- O quê? Tá doido? Nada disso, e no mais, vai estar gelada. Sem contar que eu pretendo chegar seca em casa.
- Eu te desafio. E você não pode correr dos desafios, lembra? Vamos logo, tagarela.
- Mas... - Ela tentou articular uma boa resposta, mas a bebia não ajudava. Bem, ela também não era muito boa em inventar desculpas.
- É melhor você tirar a roupa logo, antes que eu te leve pra água de roupa e tudo.
Ela revirou os olhos e começou a se despir, de costas pra ele.
- Dá pra você pelo menos fingir que não vai olhar? - Reclamou ela.
Ele colocou a mão nos olhos e ela entrou na água, tremendo de frio.
- Odeio essa água gelada! - Reclamou ela, prendendo os cabelo para cima, no intuito de não molha-los.
Ele a abraçou.
- Assim fica menos frio? - Brincou ele, notando que ela havia ficado mais desconcertada.
"Péssima hora pra esse álcool deixar de fazer efeito", pensou ela.
Outra gota resolveu cair. E mais uma, e mais outra. De repente, uma chuva torrencial resolveu cair e a água ficar algo mais morna.
- Agora não tem mais motivos de você não querer molhar essa cabeleira, tá chovendo. Mergulha logo, vai. Sua chata.
- Você me paga por mais essa...
- Com o maior prazer, bobona.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

"As vezes acho que você nem quer fazer realmente aquilo que diz que quer fazer, as vezes acho que fala que quer somente pra me deixar feliz. Sei que você deve odiar quando duvidem de você ou da sua capacidade de fazer algo, mas também acho que se talvez eu te desafiar você sairá logo deste casulo." Ele me senta de lado e olha nos meus olhos. Tudo que tento passar pra ele, num olhar, parece não adiantar. Não estou acostumada a ser desejada ou coisa parecida, pra mim ainda é tudo muito novo. Eu queria, eu quero, mas estou apavorada. Bem, eu sou apavorada, eu sou medrosa.