quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Nadar

Já era sábado e ambos já haviam bebido tudo que tinham direito, mas mesmo assim conseguiam articular as idéias de forma quase racional. Já estavam jogando aquele jogo besta a algumas horas e a medida que bebiam se soltavam mais.
- Te desafio a virar o resto da garrafa, num gole só. - Ela disse, estreitando os olhos e estendendo a garrafa.
- Tem certeza? Vamos acabar ficando sem nada mais. - Brincou ele. Ela revirou os olhos e bufou.
Ele riu. Bebeu tudo.
Uma gota caiu e escorreu pela testa dele. Ela estava quase deitada numa pedra.
- O que você gostaria de fazer agora? - Perguntou ele, olhando-a.
- Nadar. - E depois soltou uma gargalhada. Ele riu também, levantou e estendeu a mão para ela, a fim de levanta-la. - O que? Vamos pra onde?
- Cala a boca, vem logo.
Sairam andando até chegar a praia.
- O que estamos fazendo aqui? - Perguntou ela, algo assustada.
- Te desafio a nadar. Comigo. Agora.
- O quê? Tá doido? Nada disso, e no mais, vai estar gelada. Sem contar que eu pretendo chegar seca em casa.
- Eu te desafio. E você não pode correr dos desafios, lembra? Vamos logo, tagarela.
- Mas... - Ela tentou articular uma boa resposta, mas a bebia não ajudava. Bem, ela também não era muito boa em inventar desculpas.
- É melhor você tirar a roupa logo, antes que eu te leve pra água de roupa e tudo.
Ela revirou os olhos e começou a se despir, de costas pra ele.
- Dá pra você pelo menos fingir que não vai olhar? - Reclamou ela.
Ele colocou a mão nos olhos e ela entrou na água, tremendo de frio.
- Odeio essa água gelada! - Reclamou ela, prendendo os cabelo para cima, no intuito de não molha-los.
Ele a abraçou.
- Assim fica menos frio? - Brincou ele, notando que ela havia ficado mais desconcertada.
"Péssima hora pra esse álcool deixar de fazer efeito", pensou ela.
Outra gota resolveu cair. E mais uma, e mais outra. De repente, uma chuva torrencial resolveu cair e a água ficar algo mais morna.
- Agora não tem mais motivos de você não querer molhar essa cabeleira, tá chovendo. Mergulha logo, vai. Sua chata.
- Você me paga por mais essa...
- Com o maior prazer, bobona.

Um comentário: