domingo, 27 de março de 2011

La Rousse III

Ela encarava ele, encarava seus olhos verdes. Aqueles malditos olhos verdes indecifráveis.
Tomou mais uma dose. A cabeça rodava e ela já não enxergava somente aquele ser de olhos verdes. Encarava todos os seus problemas num conjunto.
O senhor-olhos-verdes a beijou. A mente dizia pra ela parar, o coração, pra se deixar levar.
Ela seguiu o coração, mas a mente era mais forte. 'Quem ele pensa que é, pra me virar a cabeça desta forma?'
Ela o empurrou para a parede. Ele a olhou com desejo. Ela sentia o mesmo.
Era um misto de amor e ódio. Não, amor não. Não era amor, era atração. E também não era ódio. Era só raiva. Raiva de se deixar ser usada daquela maneira. De se deixar levar pelo momento, pela atração.
Aquela brincadeira de gato e rato ela sabia aonde ia dar. Aquela coisa de sempre, a mesma desculpa de cada dia. E sempre aquele mesmo vazio que lhe acompanhava.
E não era somente com o senhor-olhos-verdes, era com todos. Ela se deixava ser manipulada sempre, com medo de se tornar sozinha.
Mas a solidão sempre chega, independente da quantidade de pessoas que a rodeiam.
E mais uma vez, ela se deixou levar. 'Será a última', mas ela sabia que não era. Nunca era.

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