quarta-feira, 9 de março de 2011

Questão de ser

A chuva caía lá fora e ensopava o chão de terra, criando várias poças de lama. Dentro da casa se ouvia o som alegre do riso dela, resultado das inúmeras cócegas que ele aplicava em suas costelas.
'Eu te amo' disse ele, de repente, olhando-a nos olhos.
'Eu sei, mas você não devia', respondeu, delicadamente, acariciando o rosto dele.
'E eu continuo te amando.', retrucou ele. 'Vai fazer o que, ein?'
'Você me ama por eu ser extremamente diferente de todas as outras, mocinho. Por eu ser aparentemente uma coisa e por dentro, ser outra por dentro já é um bom motivo... Mas principalmente por que você nunca me encontrará em outra garota.' disse ela, sorrindo com os olhos e se espreguiçando entre os braços dele.
Por alguns segundos ele perdeu a fala, ficou só observando. Aquela pequena criatura tinha razão. E ele já havia tentado isso e não havia conseguido.
Observou seu pescoço alongado, seus ossos da clavícula, suas pequenas pintas, sua pele branca que avermelhava pelo simples toque de suas mãos.
'Você é uma criatura irritante, sabia?'
'Faço questão de ser, especialmente pra algumas pessoas.' Completou ela, divertida.

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