sábado, 21 de agosto de 2010

Ruby, Ruby, Ruby!

Ruby é uma garota legal. Estranha, porém legal.
Nasceu num lugar a qual ela tinha certeza que não pertencia.
Nunca foi igual às garotas que tinha amizade. Nunca gostou das mesmas coisas que todo mundo.
Sempre achou patético a ignorância das pessoas da sua idade e não aparentava a idade que tinha.
Intelectualmente falando, parecia bem mais velha, fisicamente, bem mais nova. Talvez seja exatamente por isso que ela não teve nenhum relacionamento muito sério.
Quem tinha interece por ela sempre era mais novo, e portanto, mais bobo.
Ela odiava esperar. Odiava falsidade. Odiava as bandinhas que fingiam tocar rock.
Ninguem naquela cidade compreendia seu amor pela profissão que queria exercer, ninguêm acreditava que ela poderia fazer aquilo.
Seus amigos se assustavam com o contraste da sua aparência com seus gostos.
Pessoas pensavam idiotices pelo fato dela gostar de esmaltes e batons vermelhos.
Ela amava ler, mas a cidade não tinha livrarias. Ela tropeçava nos astros, desastrada.
Ruby se mudou. Tímida, analizou a nova turma em que se metia. Se sentiu um peixe dentro d'água.
Se apaixonou ao ver o carinha de olho azul, voz rouca e cabelos compridos.
Era a primeira vez que estudava com pessoas tão iguais à ela, todas tão diferentes!
A garota de cabelos multicoloridos, a desenhista (jurou que não mais desenharia, depois de ter visto o trabalho dela!),
o carinha de olhos azuis que tinha uma banda, a ruiva de cabelos anelados, a andróide que só vestia preto (mesmo no sol) e a
a cat, sempre companheira. Esses foram seus primeiros amigos, verdadeiros amigos.
Ruby nunca entendeu o problema que ela tinha com as namoradas/ficantes de seus amigos. Ela não representava perigo nenhum, pelo menos era o que ela achava.
Depois de muito rock 'n roll na grama com aquela galera, outra turma apareceu num convite bizarro pra um acampamento.
Aí apareceu o gatinho dos alargadores, como uma amiga o chamava. É, Ruby se apaixonou. Viraram grandes amigos, de verdade.
As partidas de uno, sempre tão divertidas!
Os convites para a Pedra, sempre tão irrecusáveis! (mas ela sempre recusava, talvez por medo)
O casal gay amigo lhe proporcionava gandes gargalhadas e o celular registrava fotos incríveis.
Mas o ano foi se passando, o vestibular passou, muitos passaram e ela não. Ficou mal. Muito mal.
Ruby queria dormir e não acordar mais, ou pelo menos, acordar muito tempo depois.
Queria esquecer os problemas, se livrar de todos eles.
Mas sempre que tentava ser uma garota "normal", a realidade lhe espancava.
O tempo passou, ela sobreviveu. Era dura na queda. Se fazia de forte, e ninguêm na realidade sabia o que se passava na sua cabeça.
Jurou não se apaixonar denovo (pra que sofrer?), queria se divertir. Mas, como?
Achou que melhor era ficar sozinha, ja tinha problemas demais.
Ela perdeu seu brilho de pedra preciosa. Ela perdeu seus amigos.
Se fechou para o novo, escreveu cartas, cortou os cabelos, tingiu os lábios.
Sentou sozinha de frente para o mar, agora era Annabel Lee, com um amor de além-mar.
Quis roubar o Edgar, (ou seria Satânico?) o gato de olhos laranjas. É, ele lhe entendia.
Mergulhou nos livros, sábia entorpecência. Virou peça de arte moderna para um arcaico poeta.
Alimentou os macacos com waffes de chocolate, mergulhou na pscina de roupa, se esquentou com vodka.
Os olhos já não tinham mais aquela pureza, estavam enuviados como o céu de agosto.
Esperaria dezembro chegar?
Estava amedrontada. Não era pra menos. Não queria se magoar denovo, ou muito menos magoar outrém.
Setembro estava para chegar. De presente, queria ter novamente aquela vontade de viver, aquele brilho no olhar.
Tinha medo de se entregar, cair de cabeça em algo. Sempre preferia o seguro e por isso, não se arriscava. Nem a ser feliz.
O que estava traçado para ela? O que a lhe esperava, ao virar a esquina da vida?
Juntou as nicas, pediu um trago, sonhou com Aerosmith. Sonhe até que seu sonho vire realidade.
Ela tinha tão pouco a oferecer e tanto a pedir. Queria colo, lugar seguro, aconchego, carinho.
Queria deixar de ser a linha que mantinha tudo junto.
Por uma vez, queria ser cuidada, ao invés de cuidar.
Queria ser feliz, por que não?
Precisava de alguêm presente, não passado nem futuro.
Foi à luta, de cara lavada, alma lavada, coração lavado.
Decidiu, de uma vez por todas, que iria realizar seus sonhos.
Seguiu em frente, sempre. Nunca se sabe o dia de amanhã, vai que no fim, tudo dê certo?

Nenhum comentário:

Postar um comentário