segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Aquela noite

Sou sistemática. Aqueço o café e misturo com leite gelado na minha caneca de bolinhas prateadas e azuis.
A proporção é de meio a meio.
Metade café quente, metade leite frio.
Aperto o lábio inferior com o dedo indicador e o polegar.
Penso nele. Seria absurdo?
Penso nela. Saudade. Não a vejo a mais de um ano, sinto falta de ter amigas.

Bebo o conteúdo da caneca de bolinhas prateadas e azuis. Respiro fundo.
Novamente, peço que a internet ainda esteja conectada.
Estou cansada disso. Descasco o esmalte do polegar direito. Vermelho.
Caminho à passos lentos. Meias verdes, calça negra, jaqueta branca.

Não tenho sorte. Não há internet.
Pego aquele velho exemplar do Edgar.
Ligo o celular naquela seleção de músicas.
Elas variam de Ramones à Beatles.

Lembro dos poemas do Pedro,
da gargalhada macabra do Davi,
e daquele carinha do pré vest.
Como estariam eles todos? Solitários como eu?

A garganta reclama, a cabeça dói. Deveria ter ido ao médico.
Que se dane.
Lembro do alemão, da mexicana, da francesa e do inglês. O que estariam fazendo?
Provavelmente se embebedando por aí.

Esqueço do Edgar (coitado!) sob meu travesseiro.
Me espreguiço, desisto.
Apesar de estar aonde amo, gostaria de estar à milhas de distância.
Deixo o Jhon e o Paul falando sozinhos.
Escrevo mais alguma porcariazinha, tomo mais algumas gotinhas.

"Nunca tá tudo bem!" reclama a garota de cabelo roxo.
Realmente, nunca tá tudo bem.
Mas e daí? Se tudo estivesse bem, não existiria os poetas,
os loucos, os filósofos e os boêmios.

Não tem luar para eu admirar. O céu está vermelho.
Espero que chova.

Sinceramente, gostaria que ele se abrisse comigo.
Embarco no submarino amarelo.
Tento dormir. Queria você aqui.

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