terça-feira, 5 de outubro de 2010

Insensível

Por que não apagara aquilo antes? Aquele timbre rouco que dizia que a amava foi o suficiente para que um turbilhão de memórias invadisse sua mente e fizesse com que destilasse em lágrimas toda dor que massacrava seu coração.
Porque ainda insistia naquilo? Será que era uma masoquista, ou simplesmente tinha medo de cair de peito aberto em um novo relacionamento ou era amor mesmo?
Doía tanto aquela falta de interesse, aquela insensibilidade tremenda.
Talvez a sua vida já não valia tanto para ele ou já havia perdido o interesse, como uma criança que ganha um novo brinquedo e abandona o velho. Ela era o velho brinquedo.
'Oi minha linda, como você está?' perguntou aquele poeta.
Ela sorriu fracamente, disse que tudo estava bem. Afinal, não havia sido ela própria que tinha acabado com tudo, simplesmente por dizer o quanto infantil estava aquela situação? - Situação esta que estava praticamente insustentável e veio a culminar naquele fatídico sábado num caminhão azul.
Ah! Ela não esquecia daquele tom de azul, daquele barulho e do fato que já poderia não estar mais alí.
Pelo visto ele já havia esquecido os olhos azuis-esverdeados; os trocara por olhos jabuticabas.
Mas no fim, tudo ficaria bem. Mas ela nunca se esqueceria do seu grande amor.


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