quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Para Allyson

- Não derrame uma lágrima sequer por mim.
Ela não obedeceu. Pelo computador, de frente para o pai e os avós, ela derramou uma lágrima solitária.
Ele iria para longe. Estava doente. Ela ficaria lá, naquela cidade sozinha. Sozinha sempre esteve, mesmo cercada por tanta gente. Tanta gente boa... Ele era gente boa. Por que ela foi magoar ele assim?
Por que ela tinha que ser tão idiota assim?
Ele pegaria o avião na segunda-feira. Iria para o outro lado do mundo. Nem se ela tivesse sorte, chegaria a tempo pra lhe pedir perdão de joelhos.
Ela fechou a porta, se despiu e foi para o banheiro. ligou o chuveiro para ninguem escutar os soluços.
Viu aquele objeto corrtante e pensou, por que não?
Do outro lado do país, ele estava triste. Estava se sentindo triste. Queria odiar aquela menina, aquele anjo dos seus piores pesadelos, mas não conseguia. Ela havia brincado com seus sentimentos, havia jogado na sarjeta seu pobre coração. Olhou pra tela do computador, sabia o que ela faria. A conhecia melhor que ninguem.
Aproveitou que o pai havia saído e apanhou a garrafa de tequila. Tomou um gole, uma gota saiu do canto esquerdo do lábio. Queimava a garganta.
Várias batidas. O primo arrombou a porta. Um grito. Sangue.
- Eu deixo anotado em algum lugar para te avisarem quando acontecer algo ruim comigo.
Algo de ruim aconteceu à ela. Ele não foi informado, ninguem sabia dele. Ninguem a conhecia tão bem como ele.
Ela era tão nova, tinha um rosto angelical. Havia acabado de prestar vestibular, nem sabia ainda se havia passado. Não importava, nãao mais.
- Adeus, se cuida, Candy.

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