quinta-feira, 19 de maio de 2011

Tédio

- Estou entediada. Estou cansada. Estou com saudades. Estou aqui embaixo. -Ela falou naquele aparelho brilhante.
- Suba. - Ele falou.
Ele a recebeu com a boca úmida e de braços abertos. Ela não quis saber de carinho, foi ávida nos lábios e logo estavam na parede. Os sapatos foram arrancados e a porta, trancada.
Ela o empurrou para o sofá de couro marrom escuro da sala de estar, fracamente iluminada pelos raios de sol que teimavam em escapar das nuvens daquela tarde friazinha de quase-inverno.
Ele trajava apenas uma toalha, estava saindo do banho quando recebeu o telefonema-telegrama e nem se preocupou em se arrumar. Não importava, nunca importou nem nunca se importará.
Ela se afastou dele e ele logo percebeu que ela iria repetir a dose daquela noite, só que dessa vez sem a embriaguez canelítica. Ela tranqüilamente abriu botão por botão da camisa, mostrando a tez clara com alguns avermelhados tão típicos dela. O sutiã era vermelho, constatou ele quando a camisa foi jogada em algum lugar.
Ela abriu a calça jeans revelando o conjunto do sutiã
- Continuo achando sua virilha linda - Comentou ele
- Pff.
A calça sumiu e de costas, ela retirou o sutiã que já estava com as alças caídas. A iluminação amarelada do pôr do sol combinava com ela.
Ainda de calcinha, ela se sentou no colo dele, o beijando.
As mãos dele foram direto para a bunda dela, e retirou a calcinha beijando seu colo.
Arfaram. Preencheram-se.
Encontram-se.

Ela se jogou na cama dele. De cabeça pra baixo, o observou observando-a.
Ele nem sabia se ela estava mesmo ali. A amava. Não era um relacionamento normal, mas funcionava bem dessa forma. A amava como pessoa.
- Sabe por que eu nunca disse que te amava? -Falou ela, de repente, interrompendo os pensamentos dele.
- Por que?
- Porque assim fica menos complicado para mim. Assim que eu falo isso, minha vida vira de cabeça para baixo.
Ele olhou para seus seios virados para cima e, olhando nos olhos dela, respondeu:
- Já não está virada?
Ela o ignorou solenemente, como se não precisasse dele e sim, de falar.
- Não que eu não sinta isso. Mas com você é diferente. O encanto geralmente acaba logo, mas com você ele não acabou... já que nunca existiu. Parece que é algo maior, mas eu não quero saber o que é, nem quero modificar o que temos.
Antes que ela retomasse a torrente de palavras, ele a calou com mais alguns beijos e a tomou nos braços.
Enquanto chovia, se entregavam um ao outro sem pudor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário