terça-feira, 3 de maio de 2011

Minhas Bonecas

Eu estava lá, observando calmamente. Isso era uma coisa rara, eu observar. Eu sou uma pessoa de tato, de agir, não de observar. Observava os fios loiros entrelaçando nos ruivos, da mesma forma em que os dedos se entrelaçavam. Os dedos longos se tocavam e as unhas compridas roçavam gentilmente a pele das mãos.

Os corpos se uniam de forma harmônica, tal qual uma dança. O som das batidas do coração embalavam um tango argentino. Afinal, tango era a nossa música, cheio de idas e vindas, percalços e reencontros e despedidas.
A pele branca se avermelhava, ora pelos toques, ora por estar sendo observada, ora por perceber o que estava fazendo. A boca vermelha era beijada por outra tão vermelha quanto, com pequenas mordiscadas. Vermelho era a cor dela.

As mãos ágeis e ansiosas percorriam os corpos, num reconhecimento tatil. Os mamilos rosados se encostavam, elas se arrepiavam. E eu, só fotografava com minhas retinas.

A loira era ousada, possessiva. Era forte, sabia o que queria, era decidida. A ruiva gostava das sardas dela.
A ruiva era tímida, tranqüila, fraca. Facilmente manobrada. A loira gostava dos olhos dela.
Eu gostava da bunda da ruiva e dos peitos da loira. Elas se completavam como uma mistura exótica de canela e maçã verde. Tinha que admitir que gostava muito daquilo, daquele entrosamento tão síncrono das duas.

Sorvi mais um gole da minha cerveja, passei a mão pela cabeça, arrumei os cabelos. Sorri para elas e ganhei dois sorrisos de volta. Faziam caras e bocas, as minhas bonecas. Se divertiam no seu joguinho de sedução.
Ouvia um gemido vez ou outra, se encaixando perfeitamente no tango da batida dos corações e observava o sorriso que o som fazia brotar no rosto da outra.

Se abraçaram e se aninharam uma perto da outra, adormecendo. Eu simplesmente levantei e as cobri. Dei um ultimo sorriso e saí do quarto, deixando-as dormindo um sono tranquilo.









Fim.
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Presente pro sr. João :D


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