terça-feira, 29 de junho de 2010

First Date

Estava nervoso, sua mão suava e tremia. Resolveu coloca-la dentro dos bolsos da calça jeans. Se olhou no espelho do elevador. Estava tudo perfeito, os tênis limpos, calçajeans sem rasgos ou correntes e uma camiseta de malha verde com alguma estampa, nada chamativa e um boné virado para trás, cobrindo o “moicano comportado”. Pensou em comprar algumas flores para entregar à sogra, mas achou melhor não. Talvez aquelas flores seriam para seu enterro.
O elevador parou no andar desejado e ele seguiu para a porta de madeira clara. Com a mão ainda trêmula, tocou a campainha e secretamente rezou para que fosse Lívia que atendesse, e não Carolina, sua sogra.
Quem atendeu foi Isadora, a irmã de Lívia. Sorriu para ele e o mandou entrar.
O apartamento era bem clean, claro e organizada o. Na sala, Jorge lia o jornal.
- Lívia, o Bruno chegou! – Gritou Isadora, não para avisar à sua irmã e sim, aos seus pais. Bruno pensou em várias maneiras limpas de torcer o pescoço daquela garotinha mas achou melhor só sorrir amarelo para seu sogro, que agora olhava fixamente para ele.
Engoliu em seco e foi cumprimentá-lo. Jorge o cumprimentou com a cabeça e olhou para o sofá na frente dele, um convite mudo para se sentar lá. Bruno entendeu o recado e se sentou lá, para esperar por Lívia.
Naquela fatídica hora, seu celular começou a tocar uma música do Cachorro Grande. Amaldiçoou a hora que havia esquecido de desligar o celular, ou pelo menos colocá-lo no silencioso. Rapidamente desligou a chamada, que era da sua madrasta, com medo de ter perdido mais alguns pontos com seus sogros, mas acabou sorrindo quando viu Jorge balançando a cabeça no ritmo da música.
Lívia entrou na sala usando um vestido claro e com os cabelos soltos. O sorriso de Bruno aumentou mais ainda e só foi quebrado pela figura ruiva atrás dela. Carolina.
Novamente engoliu em seco e se levantou. Lívia sorriu para ele, como se dissesse “está tudo bem, relaxa”.
Relaxar? Como relaxar, se previa sua morte em poucos segundos?
Chegou mais perto de Carolina, e se lembrando da mensagem que havia enviado à Lívia alguns meses atrás, sorriu e disse:
- Prazer, meu nome é Bruno.
Carolina olhou para Lívia, que estava rindo da situação e respirou fundo. Resolveu dar uma chance ao garoto.
- Prazer, Bruno. Agora, posso saber aonde pretende levar minha filha depois do almoço?
Bruno se tranqüilizou um pouco, pelo menos durante algum tempo.
Desceram juntos pelo elevador, ele e a família da namorada. Situação mais desagradável, impossível. Lívia estava vermelha e com vontade de rir, sinal que também estava nervosa. Atravessaram a rua e chegaram ao restaurante de frutos do mar, onde almoçariam. Será que eles sabiam que ele era vegetariano?
Respondeu tentando parecer o mais tranqüilo possível à cada pergunta do casal e de Isadora. De vez em quando olhava pra Lívia, que às vezes parecia não acreditar que aquilo era verdade.
Mais tarde, após o almoço, quando ele e Lívia estavam sozinhos conversando, ele perguntou à ela o que a sua família achou dele.
Sorrindo, Lívia respondeu:
- Minha mãe não te matou. Isso é um bom sinal. Mas você fez um bom trabalho também... escondeu a tattoo, não que meus pais não gostem de tatuagens, mas não era hora pra isso, e quanto ao cabelo, foi ótimo o boné. É, acho que você está aprovado. Obrigado por isso. Por tudo isso.
Bruno sorriu, dizendo:
- Fazer o que, estou completamente apaixonado. Faço tudo por você.

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